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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

PUC atrasa salário de funcionários

FÁBIO TAKAHASHIda Folha de S.PauloApós quase três anos, a PUC-SP voltou a atrasar parte do pagamento dos seus funcionários, resultado da pior crise financeira da universidade. Desde 2003, só o salário dos docentes era parcelado.A instituição tem uma dívida bancária de R$ 82 milhões e um déficit mensal de R$ 4 milhões.Ontem, a reitoria depositou apenas R$ 1.100, referentes ao mês de janeiro, para cada um dos trabalhadores da instituição, independentemente do cargo ou do salário total. Estimativa da Afapuc (sindicato dos funcionários) aponta que 65% da categoria recebe acima desse valor. No corpo docente, a maioria ganha entre R$ 4.000 e R$ 10 mil.A reitoria informou que atrasou os salários da maioria dos trabalhadores da universidade porque precisou pagar R$ 4,7 milhões aos bancos neste mês, referente a uma parcela dos juros da dívida.A folha de pagamento representa 94% da receita da instituição. Por meio de nota, a reitora da PUC, Maura Véras, afirmou que se fosse pago integralmente o salário dos funcionários, haveria "a situação inédita da parcela dedicada à folha docente ser próxima de zero". Ou seja, não haveria recursos para o pagamento, nem mesmo parcial, dos professores.Véras disse que deve depositar o restante do pagamento dos funcionários até a próxima segunda, e o dos professores, até o fim do mês. "Estamos promovendo todos os ajustes financeiros necessários para equacionar a situação financeira da universidade."O sindicato dos funcionários marcou para amanhã uma assembléia em que será votada a paralisação das atividades como forma de protesto. "Uma universidade que já cortou R$ 3,2 milhões em folha de pagamento não pode atrasar salário", disse o presidente da Afapuc, Anselmo Antonio da Silva. Ele se refere à reestruturação pela qual passa a universidade. Desde o começo da gestão da reitora Véras, iniciada no final de 2004, 299 dos cerca de 1.300 funcionários foram demitidos (número não confirmado pela reitoria). A entidade cortará ainda 10% dos cerca de 1.900 professores.Na semana passada, ao apresentar os resultados para o Conselho Universitário (principal órgão da instituição), a reitora disse que os cortes foram definidos após análise dos próprios departamentos.

Cinco faculdades atrasam salário de professores

A crise financeira mundial já bateu às portas de universidades e faculdades particulares em Minas, que estão com os salários dos professores atrasados desde dezembro. Segundo o Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro), cinco instituições enfrentam problemas de solvência, agravados pela concorrência acirrada e pela dificuldade de obtenção de crédito para capital de giro nos bancos privados e oficiais. Na Uni-BH, são praticamente quatro folhas de pagamento em atraso. No Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, os salários deixaram de ser pagos em dezembro. Na Infórium Faculdade de Tecnologia, a situação é a mesma, afirma o presidente do Sinpro, Gilson Reis. Segundo ele, na Universidade do Vale do Rio Verde (Unincor), com câmpus em Três Corações, Caxambu, São Gonçalo do Sapucaí, Pará de Minas, Betim e Belo Horizonte, parte dos funcionários também está com o salário atrasado desde dezembro. Na Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac), quatro franquias da rede (em Barão de Cocais, São Gonçalo, Itabira e Ribeirão das Neves) estão também com problemas de caixa. A Unipac está presente em 150 municípios mineiros. Segundo Reis, todas essas instituições têm em comum o fato de terem feito altas apostas em expansão nos últimos cinco anos, chegando a triplicar o número de alunos. “Novos cursos representam novos custos”, observa o sindicalista. Para as escolas, os meses de dezembro e janeiro são período em que os gastos com a folha de pagamento representam peso extra no orçamento. “Com a crise financeira, o mercado de crédito enxugou bastante, mas não de forma uniforme para todos os setores da economia. No caso da rede de ensino superior privado, a situação é pior porque os bancos enxergam nesse segmento um risco muito maior de inadimplência”, explica o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. De acordo com ele, isso ocorre porque, em caso de desemprego, os alunos dessas escolas têm a prerrogativa de trancar matrículas por um ano ou dois, ou mesmo tentar ingressar numa universidade pública. “Vem daí a dificuldade de obtenção de crédito nesse segmento. Ao barrar os empréstimos de capital de giro, os bancos levam em conta o fato de que, em caso de inadimplência, não há como garantir que as instituições receberão o dinheiro depois”, explica. Bráulio Couto, diretor administrativo da Fundação Uni-BH, reconhece que as dificuldades da universidade surgiram antes da crise, mas afirma que o travamento do crédito foi o principal responsável pelos atrasos nos pagamentos dos salários. “Desde 1999 investimos muito em qualidade. Temos 100 laboratórios e os cursos de extensão fazem mais de 300 mil atendimentos ao ano. Há dois anos percebemos que gastávamos mais do que arrecadávamos, mas até o fim do ano passado as coisas continuaram funcionando com a rolagem das despesas junto aos bancos”, diz. AtivosSegundo ele, a instituição já colocou ativos à venda para sanar as dificuldades financeiras e espera a liberação de financiamento da Caixa Econômica Federal para quitar os atrasados. “Precisamos resolver isso antes do início das aulas porque a situação dos professores é difícil”, sustenta. O Izabela Hendrix informou que realizou ajustes internos, sem demissões, com o objetivo de gerar caixa suficiente para superar a dependência de dinheiro dos bancos. A expectativa é de que a situação esteja regularizada em março, afirma a instituição em nota. A Associação dos Professores da Uni-BH fez assembleia quinta-feira à noite no Sinpro para iniciar as discussões sobre os procedimentos que vão ser tomados neste semestre. “Estão todos muito apreensivos, pois não foram pagos nem o 13º salário nem as férias e só parte do mês de dezembro”, afirma Liliani Salum Alves Moreira, presidente da associação e professora de química da Uni-BH. Segundo a Unipac, o atraso no pagamento dos professores das quatro franquias ocorreu em função de problemas com a empresa contratada para a parte administrativa. A Unipac informou que vai fazer o pagamento dos meses atrasados em fevereiro e tomar providências para que isso não ocorra outra vez. A Unincor alegou que alguns salários estão atrasados desde dezembro e outros desde janeiro. Os pagamentos estão sendo feitos, segundo a faculdade, de forma escalonada, de acordo com o fluxo de caixa. (Colaborou Geórgea Choucair)